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Essa é a minha única chance?

Você que chegou aqui, talvez tanto quanto eu, tenha ouvido as seguintes frases: “na próxima vida eu gostaria”, “na próxima encarnação quem sabe”, “se na próxima encarnação eu” ou mesmo um “só se for na próxima vida”. Pra você que tem essa expectativa, lamento se te frustro, não é esse o meu objetivo, mas quero te dizer que EXISTE apenas UMA PRÓXIMA VIDA: A VIDA ETERNA. Ela será fruto do que fizemos desta carta premiada que ganhamos, deste nosso peregrinar terrestre que é único: NÃO EXISTIRÁ OUTRA CHANCE, OUTRA VIDA, OUTRA OPORTUNIDADE para nos redimirmos. Com essa informação, quero te fazer pensar, que em cada gesto e em cada ato nesta vida, você constrói aquilo que será a sua VIDA ETERNA. Se pra ti isto é uma novidade, te devo uma explicação e pretendo fazer isso, nas próximas linhas. 

Desde a concepção, tu foste pensado e amado por Deus: “Fostes vós que plasmastes as entranhas de meu corpo, vós me tecestes no seio da minha mãe.” Sl 138, 13. Quando foste formado, Ele já sabia que tu serias o João, a Maria, a Gabriela, o José, a Madalena, assim como me fez para ser a Deise Cristina. Nos fez com uma identidade própria, que é composta de corpo e alma, e conosco faz história. 

Na oração do Creio, rezamos: “creio na ressurreição da carne, na vida eterna”. Quando afirmamos isso, afirmamos que ressuscitaremos com a mesma identidade, na qual um dia fomos plasmados. Não desprezamos o nosso corpo, ele faz parte daquilo que somos, não é um anexo, ou uma roupa emprestada, que depois será descartado e substituída. Por isso, cada dia, cada oportunidade e cada momento são únicos para a nossa salvação. Não teremos uma outra vida para nos purificar. 

Diante desta afirmação, talvez venha a pergunta: mas um Deus tão misericordioso, não nos daria uma nova chance? E a resposta é: Ele já deu! Não apenas uma chance, mas a vida toda, para que redimidos dos nossos pecados, possamos experimentar A VIDA ETERNA. Acreditar que será através de inúmeras vidas e inúmeras tentativas neste mundo que alcançaremos a salvação, é desconsiderar a Deus, e que chegar a este ponto depende só de nós. Precisamos sim fazer a nossa parte, mas antes de tudo, a salvação é iniciativa e graça de Deus, que nos fez para permanecermos unidos a Ele.  Nosso Deus se fez homem, morreu e ressuscitou. E essa é a promessa que nos faz: vida, morte e ressurreição. 

Diante disto, que pra ti pode ser uma nova revelação, te convido a olhar para a tua história e pensar o quão amado és, e que grande oportunidade recebemos a cada dia para viver com esperança esse peregrinar para a Vida Eterna. A Ressurreição é sinal da Vitória da Vida sobre a Morte, é o encontro definitivo com o AMOR. Quando chegarmos lá, contemplaremos Deus face a face e não sentiremos falta de mais nada, porque estaremos preenchidos pela plenitude do amor. Aquilo que buscamos em toda a nossa caminhada nesta vida.

Deise Cristina Antunes Padilha
Comunidade Nos Passos do Mestre

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Data especiais: Como vivê-las após a morte de alguém?

A morte de alguém pode despertar em nós os mais variados sentimentos, e em diferentes intensidades. Algumas pessoas podem ter a sensação de que “o mundo para”, ou de que “tudo foi perdido”, mas depois de um tempo, se confrontam com a realidade de que “a vida continua”.

Sim, a vida não parou. Você continua vivo, mesmo na ausência de alguém querido por você. Aos poucos, você precisará voltar às suas atividades, ou criar atividades novas; precisará viver seu dia a dia.

Virando as folhas de um calendário, chegarão datas que gostaríamos que deixassem de existir, datas especiais que nos fazem voltar no tempo. Quanta vontade temos de fugir dessas datas…

Na verdade, a fuga não é das datas ou das lembranças que retornam, mas das dores que ainda existem e estão escondidas. Enquanto as dores forem escondidas e sufocadas, sempre fugiremos de situações que possam gerar confronto, mesmo que as datas passem e se repitam.

Relembrar a pessoa, não é errado. Sentir sua falta, ter dias de maior tristeza, não é errado. Viver os dias e as datas comemorativas com alegria, também não é.

O que você pode, tem condições e quer fazer nas próximas datas comemorativas sem seu ente querido? Seja livre naquilo que seu coração pedir, observando sempre o que você tem condições de oferecer. 

Pode ser um dia de emoções, de lágrimas. Também pode ser um dia de relembrar a companhia fazendo algo de que ele gostava ou que era costume. Da mesma forma, falar com conhecidos, lembrar de boas histórias, qualidades dessa pessoa, pode ser uma opção. Manter tradições como forma de homenagear, também pode ser uma escolha. Fazer uma visita ao túmulo. Fazer uma prece. Reafirmar o amor que você ainda sente (e sempre sentirá) por essa pessoa. Há muitas formas de viver essas datas comemorativas.

Uma lembrança, por mais simples que pareça, já dará um sentido para seu dia. Aproveite algum elo que ligava você a essa pessoa. Descubra uma forma, a sua forma, de torná-la presente nas suas atitudes, na sua memória, no seu amor.

Rafaele Danieli

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Homens também sentem suas perdas

E os homens: precisam ser fortes ou podem chorar?

Falaremos aqui de homem para homem. Mas as damas que queiram, fiquem à vontade para ler e, despretensiosamente, enviar este texto para aquele machão que segura suas emoções.

Já ouviste a expressão “homem não chora”, né? Tenho certeza que sim. Talvez tenha sido zoeira dos amigos, mas também pode ter sido uma dura cobrança dos familiares. O fato é que estas três palavras, assim como tantas outras, nos marcaram profundamente. Falo que nos marcaram, pois esse conceito do ser macho está intrínseco na nossa cultura. Tornou-se comum. Vem desde os primórdios da sociedade essa ideia de que o homem precisa ser sempre forte, até meio insensível, o solucionador de problemas que não demonstra fraqueza; fala de tudo que é externo, mas raramente permite falar de si. Mas já te digo assim, “na lata”: todo o homem é macho, mas nem todo macho é homem. Pois que homem consegue ser sempre assim? Até Jesus, que para nós é modelo perfeito de homem, chorou.

Amigo, talvez tu não sejas muito de falar e, quando falas, seja sobre futebol, política, trabalho, um bocado de outras coisas, tudo!, mas não dos teus sentimentos. Falar o que sente e demonstrar emoções não te faz menos homem, ao contrário: afirmam que existe uma forma masculina de viver nossa realidade humana, pois super-homens só existem na ficção. Lágrimas não tem sexo. Acreditar que nós homens não podemos chorar é negar nossa afetividade. Somos seres de afeto! Temos afeição por nós mesmos e pelo próximo. Podemos chorar de alegria e de tanto rir; deixamos escapar algumas lágrimas quando encantados com a beleza de uma música ou diante da lembrança que dá saudades; também choramos de raiva, de tristeza, de dor.

Diversos motivos nos fazem chorar, o que não quer dizer que choraremos o tempo inteiro. Mas em momentos que o coração aperta, que a angústia toma conta, e já não sou de falar o que sinto, mas dá aquele nó na garganta e estou para explodir, por que segurar tudo isso dentro do peito se as lágrimas lavam a alma?

Homens têm sentimentos e não há mal algum em expressá-los. Também sentimos nossas perdas. Também nos dói quando uma pessoa que amamos morre. Não choraremos para sempre, mas naquele momento diante da notícia trágica, ou durante o velório, até mesmo dias/meses depois quando a saudade bate, por que teimamos em querer parecer fortes e trancamos dentro de nós sentimentos que, quando externalizados e elaborados, nos trazem alívio e até consolo? Repito, não há mal algum em demonstrar que estás triste; conversar com alguém, falar como se sente, contar o quanto a pessoa faz falta e como dói sua ausência podem nos trazer paz, pois, ao mesmo tempo que honramos a memória de quem nos deixou, vamos pondo “pra fora” as tristezas que nos pesam e vamos reorganizando os sentimentos e as boas lembranças.

Talvez tu tenhas lido até aqui e ainda estejas relutante em falar e trazer à tona sentimentos difíceis, mas o que escrevi traz um pouco de mim: experiência de um cara que cresceu bastante sentimental, mas sempre quis cuidar dos outros, ignorando o que sentia, pois não podia perder a pose de “protetor” de todos, eu tinha que ser sempre forte. Até me esgotar. E daí não conseguir mais dar conta dos outros e nem de mim mesmo, e ter que reaprender, agora de uma forma mais assertiva, a ser “homem de verdade”. Perdas fazem parte da vida. E partilho contigo que, quando minha filha faleceu, chorei. Chorei muito. Chorei a dor da minha esposa e a minha própria dor com a ausência da nossa pequena Catarina. Eu falava com as pessoas sobre como estava me sentindo e como ainda doía. Por isso te digo: chorar alivia e falar cura.

Guilherme Teixeira