Design sem nome (6)

Data especiais: Como vivê-las após a morte de alguém?

A morte de alguém pode despertar em nós os mais variados sentimentos, e em diferentes intensidades. Algumas pessoas podem ter a sensação de que “o mundo para”, ou de que “tudo foi perdido”, mas depois de um tempo, se confrontam com a realidade de que “a vida continua”.

Sim, a vida não parou. Você continua vivo, mesmo na ausência de alguém querido por você. Aos poucos, você precisará voltar às suas atividades, ou criar atividades novas; precisará viver seu dia a dia.

Virando as folhas de um calendário, chegarão datas que gostaríamos que deixassem de existir, datas especiais que nos fazem voltar no tempo. Quanta vontade temos de fugir dessas datas…

Na verdade, a fuga não é das datas ou das lembranças que retornam, mas das dores que ainda existem e estão escondidas. Enquanto as dores forem escondidas e sufocadas, sempre fugiremos de situações que possam gerar confronto, mesmo que as datas passem e se repitam.

Relembrar a pessoa, não é errado. Sentir sua falta, ter dias de maior tristeza, não é errado. Viver os dias e as datas comemorativas com alegria, também não é.

O que você pode, tem condições e quer fazer nas próximas datas comemorativas sem seu ente querido? Seja livre naquilo que seu coração pedir, observando sempre o que você tem condições de oferecer. 

Pode ser um dia de emoções, de lágrimas. Também pode ser um dia de relembrar a companhia fazendo algo de que ele gostava ou que era costume. Da mesma forma, falar com conhecidos, lembrar de boas histórias, qualidades dessa pessoa, pode ser uma opção. Manter tradições como forma de homenagear, também pode ser uma escolha. Fazer uma visita ao túmulo. Fazer uma prece. Reafirmar o amor que você ainda sente (e sempre sentirá) por essa pessoa. Há muitas formas de viver essas datas comemorativas.

Uma lembrança, por mais simples que pareça, já dará um sentido para seu dia. Aproveite algum elo que ligava você a essa pessoa. Descubra uma forma, a sua forma, de torná-la presente nas suas atitudes, na sua memória, no seu amor.

Rafaele Danieli

Design sem nome (5)

O Céu Existe?

Provavelmente, se você está procurando sobre a existência do Céu e da Vida Eterna, é porque conhece alguém que faleceu, ou porque está passando por uma situação que o faz questionar se depois desta vida tudo acaba. O que acontece após a morte? Para onde vamos? Quando acaba definitivamente o sofrimento? Encontraremos quem partiu antes de nós? E por aí seguem as dúvidas que a internet não responde.

A busca por estas respostas mexe com algo muito profundo que trazemos dentro de nós, fala sobre a necessidade de algo que complete a vida que temos hoje, que dê sentido até mesmo à nossa própria morte.

Está aqui um dos primeiros sinais de que o Céu existe: a sede em descobri-lo já é um sinal! E que vai além de uma simples curiosidade, é como buscar algo que ainda não conhecemos, mas que, de alguma forma, se encaixa e completa o significado da nossa vida. Se esta procura fosse movida apenas por curiosidade, ela logo passaria tendo ou não resposta, mas, ao contrário, a procura não se esgota, justamente porque o alvo da nossa procura, o próprio Céu, faz parte do que somos feitos para encontrar!

Sim, somos feitos para encontrar o Céu! Dentre tantas coisas e realizações que conquistamos ao longo do tempo, chegar ao Céu é a maior realização de todas, porque é o sentido de vivermos, é a meta de chegada e, ao mesmo tempo, não é o fim.

A inquietação com este mundo, a busca por algo maior, a insatisfação com a ideia de que ao morrermos tudo se acabará, tudo isto são sinais de que no fundo do coração sabemos que fomos marcados por Deus para alcançarmos o Céu.

E é o Céu esta garantia que Deus nos dá. Garantia de uma vida que não acaba, que não se esgota; garantia de um Amor que não deixa de existir, porque é o Amor do próprio Deus por cada um de nós. Nós não findamos com a morte, porque uma vida gerada pelo Amor que é Deus, é vida que não se acaba, é Vida Eterna.

E o que acontecerá no Céu? Bem, aí tudo o que sabemos é que, além de ser Vida Eterna, Vida com Deus, é que lá já não teremos nem sofrimentos, nem luto, nem dor. Os demais “detalhes” iremos desvendar pessoalmente, cada um ao seu tempo. Mas, com certeza, vale a pena acreditar em algo que vale tanto a pena esperar!

Maria Luiza

Design sem nome (4)

O que realmente importa no fim

Uma reflexão sobre atenção no fim da vida e cuidados paliativos

Você está diante de uma pessoa muito querida para você, ela está enferma, e alguém lhe diz que a morte dela está se aproximando. Depois do susto de receber essa notícia, o que você mais vai querer é fazer algo por essa pessoa, não é mesmo? E o que é o melhor a ser feito?

Antes de tudo, não queira esconder seus próprios sentimentos ou limitações. Pode ser difícil pra você, e é importante reconhecer isso. Para ajudar alguém, você precisa primeiro ter condições de o fazer e, nesse momento, vale também buscar apoio no que for melhor para todos!

Agora voltemos ao centro de nossa reflexão: a pessoa que está em fim de vida. O que realmente importa a ela?

Não há uma resposta perfeita e eficaz, nem manual com indicações de “atos bem sucedidos”, porque é uma vivência muito pessoal. As vontades e importâncias, valores e desejos, são todos pessoais. 

Às vezes o que achamos que seria o melhor para o outro, na verdade não é. Por exemplo, a falta de apetite. Pode ser muito estressante para o enfermo que as pessoas ao seu redor insistam que ele tenha que se alimentar, enquanto ele só quer descansar. E… tudo bem!

Sendo ele o centro, algo muito valioso é perguntar a ele justamente o que é importante para ele nesse momento. Quais suas vontades? O que o deixa feliz e confortável? Pense que você também quer fazer todo seu possível pelo seu amado, e o melhor é o que ele precisa, o que ele quer.

Quer uma visita especial? Ficar mais sozinho? Precisa resolver alguma situação? Quer ficar no hospital ou na sua casa? O que ele gostava e que traz algum conforto ou alívio? Reduzir dores ajuda a viver esse momento melhor. Ter uma crença também traz sentidos que confortam. As suas vontades vão lhe trazer conforto. E, ele estando confortável, você também pode ficar!

Acompanhe os sentimentos que ele demonstra. É um momento único, cada pessoa terá sua maneira de enfrentar. E, de fato, só sabe quem vive e enfrenta. Não podemos querer tirar a tristeza ou medo, por exemplo, de quem está com esses sentimentos. Talvez seja parte do processo daquela pessoa e daquele momento. Mas podemos ajudá-la com “o que te deixa triste?” ou “como podemos juntos encarar o medo?”. A compaixão ajuda e conforta, nessa hora, muito mais que a repreensão ou desvalorização das emoções.

É muito importante enxergar o fim, mas aproveitar e viver ao máximo esse momento que, assim como cada dia, não volta. Estar presente. Ser presente. Ajudar a pessoa a buscar a sua paz e a descobrir o que realmente importa a ela. A morte pode estar chegando, mas ainda há vida!

Rafaele Danieli

Design sem nome (3)

Homens também sentem suas perdas

E os homens: precisam ser fortes ou podem chorar?

Falaremos aqui de homem para homem. Mas as damas que queiram, fiquem à vontade para ler e, despretensiosamente, enviar este texto para aquele machão que segura suas emoções.

Já ouviste a expressão “homem não chora”, né? Tenho certeza que sim. Talvez tenha sido zoeira dos amigos, mas também pode ter sido uma dura cobrança dos familiares. O fato é que estas três palavras, assim como tantas outras, nos marcaram profundamente. Falo que nos marcaram, pois esse conceito do ser macho está intrínseco na nossa cultura. Tornou-se comum. Vem desde os primórdios da sociedade essa ideia de que o homem precisa ser sempre forte, até meio insensível, o solucionador de problemas que não demonstra fraqueza; fala de tudo que é externo, mas raramente permite falar de si. Mas já te digo assim, “na lata”: todo o homem é macho, mas nem todo macho é homem. Pois que homem consegue ser sempre assim? Até Jesus, que para nós é modelo perfeito de homem, chorou.

Amigo, talvez tu não sejas muito de falar e, quando falas, seja sobre futebol, política, trabalho, um bocado de outras coisas, tudo!, mas não dos teus sentimentos. Falar o que sente e demonstrar emoções não te faz menos homem, ao contrário: afirmam que existe uma forma masculina de viver nossa realidade humana, pois super-homens só existem na ficção. Lágrimas não tem sexo. Acreditar que nós homens não podemos chorar é negar nossa afetividade. Somos seres de afeto! Temos afeição por nós mesmos e pelo próximo. Podemos chorar de alegria e de tanto rir; deixamos escapar algumas lágrimas quando encantados com a beleza de uma música ou diante da lembrança que dá saudades; também choramos de raiva, de tristeza, de dor.

Diversos motivos nos fazem chorar, o que não quer dizer que choraremos o tempo inteiro. Mas em momentos que o coração aperta, que a angústia toma conta, e já não sou de falar o que sinto, mas dá aquele nó na garganta e estou para explodir, por que segurar tudo isso dentro do peito se as lágrimas lavam a alma?

Homens têm sentimentos e não há mal algum em expressá-los. Também sentimos nossas perdas. Também nos dói quando uma pessoa que amamos morre. Não choraremos para sempre, mas naquele momento diante da notícia trágica, ou durante o velório, até mesmo dias/meses depois quando a saudade bate, por que teimamos em querer parecer fortes e trancamos dentro de nós sentimentos que, quando externalizados e elaborados, nos trazem alívio e até consolo? Repito, não há mal algum em demonstrar que estás triste; conversar com alguém, falar como se sente, contar o quanto a pessoa faz falta e como dói sua ausência podem nos trazer paz, pois, ao mesmo tempo que honramos a memória de quem nos deixou, vamos pondo “pra fora” as tristezas que nos pesam e vamos reorganizando os sentimentos e as boas lembranças.

Talvez tu tenhas lido até aqui e ainda estejas relutante em falar e trazer à tona sentimentos difíceis, mas o que escrevi traz um pouco de mim: experiência de um cara que cresceu bastante sentimental, mas sempre quis cuidar dos outros, ignorando o que sentia, pois não podia perder a pose de “protetor” de todos, eu tinha que ser sempre forte. Até me esgotar. E daí não conseguir mais dar conta dos outros e nem de mim mesmo, e ter que reaprender, agora de uma forma mais assertiva, a ser “homem de verdade”. Perdas fazem parte da vida. E partilho contigo que, quando minha filha faleceu, chorei. Chorei muito. Chorei a dor da minha esposa e a minha própria dor com a ausência da nossa pequena Catarina. Eu falava com as pessoas sobre como estava me sentindo e como ainda doía. Por isso te digo: chorar alivia e falar cura.

Guilherme Teixeira

Design sem nome (2)

A despedida que faltou

Não pude me despedir, e agora? 

Vivenciamos tempos difíceis. Muitos têm passado pela experiência do luto sem poder se despedir de seus entes queridos. Para aquele que fica, também fica a sensação de que faltou algo, que deixou de cumprir uma obrigação. Nos perguntamos, talvez, o que faltou: uma última palavra, um olhar ou um pedido de perdão. Essa falta pode causar em nós aflição tão grande que nos faz esquecer da infinita misericórdia de Deus. Ele nunca fica indiferente à nossa dor. Por isso, para nós católicos sempre é tempo de transformar essa palavra que faltou em oração. 

A fé católica nos ensina que Deus nos chama desta vida para viver na eternidade com Ele. Somos chamados a viver no céu, na presença de Deus. Essa é a maior felicidade que o ser humano pode experimentar. E, feliz ao contemplar o próprio Deus, eles podem pedir por aqueles que ficaram, interceder por eles. E, nós aqui na terra rezamos por eles, para que se estão no purgatório possam chegar mais rápido na presença de Deus. Nos unimos em oração. Quando assim fazemos, colocamos tudo o que faltou no lugar certo, e esse lugar é diante de Deus. 

A Santa Igreja elegeu a segunda-feira para a oração aos falecidos. Neste dia, rezamos juntos com toda a Igreja em oração. Mas, se a saudade é grande, tire uns minutos diários para a oração. Não deixe de rezar a oração do terço e suplicar indulgências para o seu ente querido. Ensina-nos a tradição que as almas devotas de Maria são recebidas por ela no céu.

Luiz Carlos Camargo

Design sem nome (1)

Luto sem nome: como superar a perda de um filho?

Toda perda é um momento difícil. A morte de um ente querido nos trás muitos questionamentos sem resposta. Quando perdemos alguém muito próximo, como um filho, isso tudo vem com mais intensidade ainda. Não é difícil de entender porque perdemos o rumo da vida nessas circunstâncias. 

Alguns perguntam: como posso superar essa perda? Como viver assim? Como seguir em frente? Talvez, se substituirmos a palavra superar por viver, encontremos uma resposta. Aqui não se trata mesmo de superar algo, porque o luto realmente existe, a dor é real e a perda concreta. 

Sabendo que a vida é um dom que recebemos, só encontramos o verdadeiro sentido do nosso luto em Deus. Nossa dor só pode ser consolada por aquele que é o Verdadeiro Consolo. Em momentos como esse, costumamos não ver as coisas que estão bem à nossa frente e, por mais que alguém nos mostre, não enxergamos. Por isso, é tão difícil a nós que perdemos alguém ver a mão do Senhor a nos consolar todos os dias. 

Assim como a dor de quem perde é real, o consolo do Mestre também o é. Ele usa de muitos instrumentos para consolar: às vezes um amigo, um texto edificante ou até mesmo uma mensagem no celular. O importante é saber que não estamos sós em nosso luto. Sozinhos temos a tendência de paralisar na dor e acabar vivendo um ciclo sem fim. 

Conta o Evangelho de Marcos que o Mestre pregava em uma casa com tal multidão que não se podia entrar. Quatro homens desceram então pelo telhado um amigo paralítico para que o Senhor o curasse. O Mestre admirou-se do esforço daqueles homens e curou o paralítico. Às vezes precisamos da ajuda de amigos que nos levem até a cura. Isso pode se dar através de uma conversa, uma oração, um aconselhamento ou simplesmente um desabafo. Em tudo isso, o Senhor nos consola, e em muitas outras situações. Deixa que o Senhor te console!

Luiz Carlos Camargo

Design sem nome

Quando uma morte inesperada muda a ordem natural da vida

Quando pensamos na vida, logo passam pela mente momentos de alegria e vivências prazerosas. A verdade é que nunca estamos prontos para momentos de dor e de perda. São momentos difíceis de viver e assimilar, mas precisam ser vividos. Não é preciso esconder a dor, porque ela existe. 

Assim é o luto. Assim é a perda de um ente querido. Muda nossa vida de uma maneira que jamais pensamos. Talvez, seja um parente bem próximo como um filho e, neste momento, o sentimento de dor se mistura a outros sentimentos de incompreensão. 

Afinal, a ordem natural da vida não é essa. Eu deveria ir primeiro, penso. Mas essa é a hora também de pensar o que o Criador pensou para a minha vida. Que história ele fez comigo, o que ele me fala com tudo isso e ainda não consigo perceber.

Não quero aqui justificar uma dor, ou desconsiderá-la, mas ajudar a perceber que há algo a considerar além do sentimento de perda. Deus nos ama infinitamente e não nos criou somente para essa vida, mas para vivermos felizes em sua companhia. Alguns são chamados antes do que outros para viver essa alegria eterna e tem a oportunidade de interceder pelos que ficam.

Quando nos vem ao pensamento a vida que se foi, talvez seja o momento de aprender e acalmar o coração com o Mestre Jesus que nos diz: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá.”

Luiz Carlos Camargo