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O que realmente importa no fim

Uma reflexão sobre atenção no fim da vida e cuidados paliativos

Você está diante de uma pessoa muito querida para você, ela está enferma, e alguém lhe diz que a morte dela está se aproximando. Depois do susto de receber essa notícia, o que você mais vai querer é fazer algo por essa pessoa, não é mesmo? E o que é o melhor a ser feito?

Antes de tudo, não queira esconder seus próprios sentimentos ou limitações. Pode ser difícil pra você, e é importante reconhecer isso. Para ajudar alguém, você precisa primeiro ter condições de o fazer e, nesse momento, vale também buscar apoio no que for melhor para todos!

Agora voltemos ao centro de nossa reflexão: a pessoa que está em fim de vida. O que realmente importa a ela?

Não há uma resposta perfeita e eficaz, nem manual com indicações de “atos bem sucedidos”, porque é uma vivência muito pessoal. As vontades e importâncias, valores e desejos, são todos pessoais. 

Às vezes o que achamos que seria o melhor para o outro, na verdade não é. Por exemplo, a falta de apetite. Pode ser muito estressante para o enfermo que as pessoas ao seu redor insistam que ele tenha que se alimentar, enquanto ele só quer descansar. E… tudo bem!

Sendo ele o centro, algo muito valioso é perguntar a ele justamente o que é importante para ele nesse momento. Quais suas vontades? O que o deixa feliz e confortável? Pense que você também quer fazer todo seu possível pelo seu amado, e o melhor é o que ele precisa, o que ele quer.

Quer uma visita especial? Ficar mais sozinho? Precisa resolver alguma situação? Quer ficar no hospital ou na sua casa? O que ele gostava e que traz algum conforto ou alívio? Reduzir dores ajuda a viver esse momento melhor. Ter uma crença também traz sentidos que confortam. As suas vontades vão lhe trazer conforto. E, ele estando confortável, você também pode ficar!

Acompanhe os sentimentos que ele demonstra. É um momento único, cada pessoa terá sua maneira de enfrentar. E, de fato, só sabe quem vive e enfrenta. Não podemos querer tirar a tristeza ou medo, por exemplo, de quem está com esses sentimentos. Talvez seja parte do processo daquela pessoa e daquele momento. Mas podemos ajudá-la com “o que te deixa triste?” ou “como podemos juntos encarar o medo?”. A compaixão ajuda e conforta, nessa hora, muito mais que a repreensão ou desvalorização das emoções.

É muito importante enxergar o fim, mas aproveitar e viver ao máximo esse momento que, assim como cada dia, não volta. Estar presente. Ser presente. Ajudar a pessoa a buscar a sua paz e a descobrir o que realmente importa a ela. A morte pode estar chegando, mas ainda há vida!

Rafaele Danieli