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Como Processar as Imagens e Emoções de um Trabalho Voluntário

Trabalhar como voluntário em situações de crise é uma experiência transformadora, que deixa marcas profundas no coração e na mente. Muitas vezes, você se encontra cara a cara com cenas de sofrimento, dor e perda que permanecem vivas na memória, mesmo após o fim da jornada. As lembranças dolorosas podem surgir de repente — em sonhos, conversas ou até no silêncio do cotidiano —, trazendo à tona uma carga emocional difícil de lidar. É normal sentir-se sobrecarregado, ansioso ou até mesmo culpado por não conseguir “deixar para trás” o que viveu.

Na “Jornada de Acolhimento: Lidando com Múltiplas Perdas”, queremos oferecer algumas técnicas de manejo emocional que podem ajudar você a processar essas imagens e emoções, permitindo que continue sua caminhada com mais leveza e paz interior.

1. Escreva Suas Emoções: A Prática da Escrita Terapêutica

A escrita terapêutica é uma ferramenta poderosa para lidar com sentimentos e pensamentos complexos. Reserve um tempo para escrever livremente sobre suas experiências como voluntário. Não se preocupe com a gramática, estilo ou lógica; apenas escreva o que vier à mente. Permita-se expressar o que sente, desde os momentos mais dolorosos até as reflexões mais profundas. A escrita oferece um espaço seguro para organizar seus pensamentos e dar voz a emoções que talvez sejam difíceis de verbalizar.

Experimente também técnicas específicas, como escrever cartas (mesmo que nunca sejam enviadas) para pessoas que encontrou durante o voluntariado ou para si mesmo, oferecendo palavras de compaixão e compreensão.

2. Pratique a Meditação para Acalmar a Mente e o Coração

A meditação é uma prática que ajuda a acalmar a mente e a reduzir a ansiedade. Experimente técnicas de meditação mindfulness (atenção plena), que consistem em focar no momento presente, observando seus pensamentos e sentimentos sem julgá-los. Quando as lembranças dolorosas surgirem, em vez de tentar evitá-las ou reprimi-las, acolha-as com gentileza. Observe-as como se fossem nuvens passando pelo céu — reconhecendo que são temporárias e que, com o tempo, elas também passarão.

Tente reservar alguns minutos diários para meditar em um lugar tranquilo, respirando profundamente e concentrando-se na sensação do ar entrando e saindo do seu corpo. Isso pode ajudar a desacelerar os pensamentos e a criar um espaço de paz interior.

3. Participe de Grupos de Escuta e Partilha: Encontre o Apoio de Outros

Compartilhar suas experiências com pessoas que compreendem o que você passou pode ser extremamente curador. Procure grupos de escuta e partilha, onde possa se sentir à vontade para falar sobre suas emoções, ouvir as histórias de outros e encontrar apoio mútuo. Esses grupos, muitas vezes liderados por facilitadores treinados, oferecem um ambiente seguro e compassivo, onde suas experiências são validadas e suas emoções acolhidas.

Além disso, participar de grupos de escuta ajuda a perceber que você não está sozinho em sua jornada e que outras pessoas também enfrentam desafios semelhantes.

4. Utilize Técnicas de Respiração para Aliviar a Tensão

Práticas de respiração consciente são ferramentas simples, mas eficazes, para lidar com o estresse e a ansiedade. Quando se sentir sobrecarregado pelas lembranças, experimente a técnica de respiração 4-7-8: inspire profundamente pelo nariz contando até quatro, segure a respiração contando até sete, e depois expire lentamente pela boca contando até oito. Repita esse ciclo algumas vezes até sentir sua mente e corpo mais relaxados.

Essas práticas de respiração ajudam a regular o sistema nervoso e podem ser realizadas em qualquer lugar, sempre que sentir necessidade de se acalmar.

5. Crie um Ritual de Encerramento para as Experiências Passadas

Às vezes, as emoções permanecem presentes porque não houve um encerramento adequado para o que foi vivido. Considere criar um ritual simbólico para marcar o fim de sua jornada de voluntariado e para honrar o que viu e sentiu. Isso pode incluir acender uma vela, plantar uma árvore, ou até mesmo realizar uma pequena cerimônia de despedida em um lugar especial.

Rituais de encerramento ajudam a dar um ponto final emocional à experiência, permitindo que você siga em frente com um maior senso de paz.

6. Envolva-se em Atividades que Promovam a Cura Emocional

Engajar-se em atividades que nutram sua alma pode ajudar a processar o que você viveu. Considere práticas artísticas como pintura, música ou dança, que permitam expressar suas emoções de maneira criativa. Caminhar na natureza, praticar yoga, ou fazer jardinagem também podem ser formas eficazes de liberar tensões e se reconectar com sentimentos de tranquilidade.

O importante é encontrar atividades que façam sentido para você e que promovam uma sensação de bem-estar e renovação.

7. Reconheça Seu Impacto Positivo e Celebre Pequenas Conquistas

É fácil se perder nas lembranças dolorosas e esquecer o impacto positivo que suas ações como voluntário tiveram. Reserve um momento para refletir sobre as vidas que tocou, o alívio que proporcionou, e as pequenas vitórias que alcançou. Celebre esses momentos e reconheça o valor de sua contribuição. Isso pode ajudar a criar um senso de propósito renovado e a transformar a dor em algo significativo e positivo.

8. Estabeleça Limites e Pratique o Autocuidado: Proteja Seu Espaço Emocional

Estabelecer limites saudáveis é fundamental para cuidar de sua saúde mental. Se perceber que certos gatilhos estão ativando lembranças dolorosas, respeite seus limites e permita-se afastar de situações que intensificam sua angústia. Pratique o autocuidado regularmente, certificando-se de que está dormindo bem, alimentando-se de forma equilibrada, e reservando tempo para relaxar.

Lembre-se de que cuidar de si mesmo não é um luxo, mas uma necessidade, especialmente após enfrentar situações emocionalmente intensas.

9. Considere Procurar Aconselhamento Profissional:

Se as lembranças e emoções persistirem, interferindo em sua capacidade de funcionar no dia a dia, considere procurar o apoio de um psicólogo ou terapeuta especializado em traumas. A terapia pode oferecer ferramentas e estratégias adicionais para lidar com as lembranças dolorosas e ajudar a processar suas emoções de maneira saudável e eficaz.

10. Pratique a Gratidão e Cultive a Esperança:

Encontre motivos para sentir gratidão, mesmo em meio às dificuldades. Praticar a gratidão regularmente pode mudar seu foco dos momentos dolorosos para as bênçãos diárias, ajudando a criar uma perspectiva mais equilibrada. A esperança não é apenas um sentimento; é uma escolha diária de acreditar que o futuro reserva novas possibilidades e alegrias.

Na “Jornada de Acolhimento”, queremos apoiar você a encontrar as práticas que funcionam melhor para o seu processo pessoal de cura. Venha se juntar a nós e descobrir como transformar as lembranças dolorosas em uma fonte de aprendizado, resiliência e renovação.

Porque, mesmo nas experiências mais difíceis, há sempre um caminho de volta para a luz.

A Casa de Escuta realizará a “Jornada de Acolhimento: Lidando com Múltiplas Perdas”, um encontro transformador voltado para a reconstrução emocional e o fortalecimento comunitário.

Data: 26 de outubro (sábado) – 2024

Local: Hospital São Lucas da PUCRS (Av. Ipiranga, 6690 – Porto Alegre)

Horário: Das 9h30 às 18h

Inscreva-se: jornada.casadeescuta.com.br

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Dicas para Retomar a Rotina Pessoal e Familiar Após Períodos de Intensa Dedicação Voluntária

Depois de um período de intensa dedicação ao trabalho voluntário, retornar à rotina pessoal e familiar pode ser um desafio. Você pode se sentir dividido entre o desejo de continuar ajudando e a necessidade de cuidar de si mesmo e de sua família. É normal que surja um sentimento de culpa ao pensar em desacelerar, mas é importante lembrar que cuidar de sua saúde integral é essencial para que você continue a ser uma fonte de apoio, tanto para sua comunidade quanto para seus entes queridos.

Na “Jornada de Acolhimento: Lidando com Múltiplas Perdas”, queremos oferecer sugestões práticas para ajudar você a voltar à sua rotina de forma saudável e equilibrada, sem culpa e com foco em seu bem-estar.

1. Reavalie Suas Prioridades e Necessidades:

Antes de retomar sua rotina, tire um tempo para refletir sobre o que é mais importante para você neste momento. Considere quais são suas prioridades pessoais e familiares. Pergunte-se: o que me traz alegria e equilíbrio? Quais são as necessidades da minha família agora? Essa reflexão ajudará você a reorganizar seu tempo e suas atividades de forma que atendam tanto às suas próprias necessidades quanto às de seus entes queridos.

2. Planeje um Retorno Gradual:

Retomar a rotina não precisa ser um movimento brusco. Planeje um retorno gradual, ajustando sua agenda aos poucos. Comece incorporando pequenas atividades do seu dia a dia, como refeições em família, momentos de lazer, e descanso. Aos poucos, acrescente outras responsabilidades e compromissos. Um retorno progressivo ajudará a reduzir o estresse e facilitará a adaptação de todos.

3. Estabeleça Limites Claros:

É importante definir limites claros entre o tempo dedicado ao trabalho voluntário e o tempo pessoal e familiar. Isso significa ser firme ao reservar momentos específicos para cuidar de si mesmo e estar presente com sua família, sem interrupções externas. Se necessário, comunique seus limites aos outros voluntários ou à sua equipe, explicando que precisa de tempo para recarregar as energias. Limites saudáveis ajudam a evitar o esgotamento e a manter o equilíbrio entre todas as áreas da vida.

4. Reorganize Seu Espaço e Seu Tempo:

Reorganize seu espaço doméstico e sua agenda para refletir essa nova fase de transição. Criar um ambiente que seja acolhedor e funcional ajudará você a se sentir mais confortável em sua rotina diária. Se possível, crie um espaço em casa dedicado ao relaxamento, seja um canto de leitura, um local para meditar ou apenas um espaço confortável para descansar. Ter um ambiente que promova o bem-estar pode ajudar a facilitar a transição para uma rotina mais equilibrada.

5. Reserve Momentos de Qualidade com a Família:

Dedique tempo para estar com sua família de maneira plena e intencional. Planeje atividades simples, como refeições em família, caminhadas, brincadeiras ou assistir a um filme juntos. Esses momentos de qualidade fortalecem os laços familiares e ajudam a restaurar a sensação de conexão e bem-estar coletivo. Permita-se estar presente, sem distrações, para realmente aproveitar esses momentos de união.

6. Envolva a Família na Transição:

Inclua sua família no processo de retorno à rotina. Converse sobre como foi o período de voluntariado, compartilhe suas experiências e sentimentos, e ouça também como foi para eles. Envolva-os nas decisões sobre a organização do tempo e das atividades diárias. Quando a família participa desse processo, todos se sentem valorizados e compreendem melhor a importância de equilibrar diferentes aspectos da vida.

7. Foque na Saúde Integral:

Priorize atividades que promovam a saúde integral — física, emocional e mental. Faça exercícios regulares, tenha uma alimentação equilibrada, e garanta momentos de descanso e sono de qualidade. Atividades como meditação, yoga, e práticas de mindfulness podem ajudar a reduzir o estresse e aumentar a sensação de bem-estar. Lembre-se de que cuidar do corpo e da mente é essencial para se sentir bem e manter o equilíbrio.

8. Dê a Si Mesmo Permissão Para Desacelerar:

Seja gentil consigo mesmo ao voltar à rotina. Dê-se permissão para desacelerar, sem culpa. Você merece este tempo para se restabelecer e recuperar suas energias. Lembre-se de que o autocuidado é uma parte importante de sua capacidade de continuar ajudando a longo prazo. Retomar a rotina familiar e pessoal não é um abandono do voluntariado, mas um reconhecimento de que o cuidado consigo mesmo e com sua família também é um ato de amor.

9. Celebre Suas Conquistas e Aprendizados:

Reserve um momento para reconhecer e celebrar as conquistas e aprendizados que você alcançou durante seu período de voluntariado. Reflita sobre o impacto positivo que suas ações tiveram e como isso contribuiu para o bem comum. Celebrar essas vitórias, por menores que sejam, ajudará a criar um senso de fechamento positivo e a motivar você a continuar equilibrando sua vida pessoal e seu desejo de servir.

10. Mantenha Contato com a Comunidade Voluntária:

Embora seja importante retomar sua rotina pessoal, manter contato com a comunidade de voluntários pode ser uma forma de se sentir conectado e apoiado. Participe de eventos ocasionais, converse com seus colegas e encontre formas de contribuir que não comprometam sua saúde e bem-estar. Lembre-se de que é possível ajudar de diversas maneiras e em diferentes momentos.

Na “Jornada de Acolhimento”, queremos apoiar você nesse processo de transição, ajudando a encontrar um equilíbrio saudável entre todas as suas responsabilidades e desejos. Acreditamos que cuidar de si mesmo e de sua família é fundamental para continuar fazendo a diferença na vida dos outros.

Venha se juntar a nós e descubra como voltar à sua rotina pessoal e familiar de forma tranquila e consciente, sabendo que o autocuidado é a base para qualquer ato de amor e compaixão. Porque, ao cuidar de si mesmo, você se fortalece para continuar cuidando de quem precisa.

A Casa de Escuta realizará a “Jornada de Acolhimento: Lidando com Múltiplas Perdas”, um encontro transformador voltado para a reconstrução emocional e o fortalecimento comunitário.

Data: 26 de outubro (sábado) – 2024

Local: Hospital São Lucas da PUCRS (Av. Ipiranga, 6690 – Porto Alegre)

Horário: Das 9h30 às 18h

Inscreva-se: jornada.casadeescuta.com.br

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Como os Voluntários Podem Encontrar Apoio Emocional

Ser voluntário na linha de frente durante uma crise é uma experiência que exige muito mais do que esforço físico e dedicação; exige também um enorme investimento emocional. Testemunhar de perto a dor, a perda e o sofrimento pode deixar marcas profundas naqueles que escolheram estar ali, ajudando o próximo. No entanto, quem cuida também precisa de cuidado. Reconhecer a importância do autocuidado e buscar apoio emocional é fundamental para que os voluntários possam continuar a servir sem comprometer sua própria saúde mental.

Na “Jornada de Acolhimento: Lidando com Múltiplas Perdas”, queremos enfatizar a importância de encontrar espaços seguros para compartilhar suas experiências e cuidar de si mesmo. Aqui estão algumas maneiras de voluntários encontrarem o apoio emocional de que precisam.

1. Reconheça Suas Próprias Necessidades Emocionais:

O primeiro passo para encontrar apoio é reconhecer que você também precisa de ajuda. Muitas vezes, voluntários sentem que devem ser fortes o tempo todo ou que não têm o direito de sentir tristeza, ansiedade ou exaustão porque estão ajudando os outros. Mas a verdade é que cuidar de si mesmo não é egoísmo; é uma parte essencial para continuar a ajudar de maneira eficaz. Permita-se sentir suas emoções, seja tristeza, frustração ou cansaço, e reconheça que essas são respostas normais e humanas.

2. Encontre Espaços Seguros para Compartilhar Suas Experiências:

Conversar com outras pessoas que entendem o que você está passando pode ser extremamente terapêutico. Procure grupos de apoio dedicados a voluntários, onde você possa se sentir seguro para compartilhar suas histórias e ouvir as dos outros. Esses espaços, sejam presenciais ou virtuais, oferecem um ambiente onde suas emoções são validadas e sua experiência é compreendida por quem passou por algo semelhante.

A “Jornada de Acolhimento” é um desses espaços, onde você encontrará apoio e poderá falar abertamente sobre o impacto emocional de seu trabalho.

3. Busque Apoio Profissional se Necessário:

Se você perceber que o peso emocional está se tornando difícil de carregar sozinho, considere procurar um terapeuta ou conselheiro especializado em saúde mental. Profissionais podem oferecer ferramentas específicas para lidar com o estresse, a ansiedade e o trauma. Não hesite em buscar essa ajuda se sentir que precisa; o cuidado profissional pode ser uma parte essencial da sua jornada de recuperação.

4. Pratique o Autocuidado de Forma Regular:

Pequenos gestos de autocuidado podem fazer uma grande diferença. Reserve um tempo todos os dias para algo que lhe traga prazer e relaxamento, seja ouvir música, praticar yoga, ler um livro ou simplesmente caminhar ao ar livre. Esses momentos de autocuidado ajudam a recarregar suas energias, aliviar o estresse e trazer um pouco de leveza para o seu dia.

Também é importante manter uma rotina saudável de sono, alimentação equilibrada e exercício físico, que são essenciais para a saúde mental e emocional.

5. Estabeleça Limites Claros:

Estar na linha de frente pode fazer com que você sinta que precisa estar sempre disponível, mas é fundamental estabelecer limites claros. Entenda que você não precisa estar em todos os lugares ao mesmo tempo ou resolver todos os problemas sozinho. Defina horários para suas atividades de voluntariado e respeite esses limites para garantir que também tenha tempo para descansar e se recuperar.

Aprender a dizer “não” quando necessário é um ato de autocuidado que ajuda a evitar o esgotamento e permite que você continue a contribuir de forma saudável.

6. Crie Rituais de Descompressão:

Ao final de um dia difícil de trabalho voluntário, tenha um ritual de descompressão que ajude a separar a experiência de voluntariado da sua vida pessoal. Isso pode ser uma caminhada ao ar livre, um banho relaxante, escrever em um diário ou meditar por alguns minutos. Esse momento é importante para processar o que foi vivido e deixar que as emoções do dia encontrem um espaço seguro para serem sentidas.

7. Conecte-se com Outros Voluntários:

Voluntários muitas vezes formam laços fortes uns com os outros devido às experiências intensas que compartilham. Mantenha-se conectado com outros voluntários, mesmo fora dos momentos de trabalho. Esses relacionamentos podem ser uma fonte valiosa de apoio emocional, compreensão e encorajamento. Planeje momentos de convivência que não estejam relacionados diretamente ao trabalho voluntário, como uma refeição em conjunto ou uma atividade recreativa, para fortalecer essas conexões.

8. Pratique a Compaixão Por Si Mesmo:

A autocompaixão é essencial. Lembre-se de que, assim como você oferece empatia e apoio aos outros, merece oferecer o mesmo a si mesmo. Em vez de se criticar por sentir-se esgotado ou emocionalmente afetado, trate-se com a mesma gentileza que demonstraria a alguém que você ama. Aceite que está fazendo o melhor que pode, mesmo nos momentos de fraqueza.

9. Participe de Atividades que Nutram o Espírito:

Envolva-se em atividades que tragam sentido e alegria, como práticas espirituais, meditação, momentos de oração, ou simplesmente estar em contato com a natureza. Essas atividades ajudam a recarregar a energia emocional e a encontrar uma base sólida para continuar em frente.

10. Reflita Sobre Seu Impacto Positivo:

Lembre-se do impacto positivo que suas ações tiveram. Reflita sobre os momentos em que fez a diferença, as vidas que tocou e o bem que trouxe ao mundo. Concentre-se em suas realizações e nos momentos em que sentiu orgulho de seu trabalho voluntário. Essa reflexão pode ajudar a renovar sua motivação e a lembrar por que escolheu estar na linha de frente.

Durante a “Jornada de Acolhimento”, queremos ajudar você a encontrar o equilíbrio necessário para continuar seu trabalho voluntário sem sacrificar sua saúde emocional. Juntos, podemos aprender a cuidar uns dos outros, começando por cuidar de nós mesmos.

Venha se juntar a nós e descubra como encontrar apoio emocional para seguir em frente com o coração leve, sabendo que o seu cuidado consigo mesmo é tão importante quanto o cuidado que oferece aos outros. Porque, para continuar ajudando, você também precisa ser cuidado.

A Casa de Escuta realizará a “Jornada de Acolhimento: Lidando com Múltiplas Perdas”, um encontro transformador voltado para a reconstrução emocional e o fortalecimento comunitário.

Data: 26 de outubro (sábado) – 2024

Local: Hospital São Lucas da PUCRS (Av. Ipiranga, 6690 – Porto Alegre)

Horário: Das 9h30 às 18h

Inscreva-se: jornada.casadeescuta.com.br

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Como saber se existe algo após a morte?

Existe vida após a morte? Essa é uma das perguntas que o ser humano se faz desde os tempos mais primitivos. Muitas respostas poderiam ser dadas a essa pergunta, conforme o entendimento que as pessoas têm de sua fé ou até mesmo se não tem uma fé. Mas, se você aceitar uma resposta cristã para essa pergunta, digo-lhe que sim, existe vida após a morte. E como podemos ter essa certeza? Essa resposta é simples e complicada ao mesmo tempo.

    Posso dizer que é uma resposta simples, porque se você tem uma fé cristã e mais precisamente ainda católica, já ouviu falar que Jesus Cristo veio o mundo e morreu pregado numa cruz. E, se uma vez você se perguntou o porquê isso aconteceu, foi justamente para dizer ao mundo, que a verdadeira vida não é essa que você vive, mas sim a vida após a morte. Ele disse claramente: “pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna”. É o próprio Senhor da vida que responde.

    Pode ser mais complicado se você não tem a fé cristã, porque suas referências de vida são outras: tudo que é palpável. Mas, se o seu significado de vida é só o que você vê de concreto, sua existência termina com a morte. Porém, Deus é tão bom para o ser humano que colocou dentro da sua consciência o sentido da verdadeira existência. É o que não deixa você ficar satisfeito com a resposta de uma vida material. É como se algo dentro de você dissesse que não foi feito para viver apenas 60, 70 ou 80 anos, e sim eternamente.

    Para deixar mais claro, Jesus fez questão de demonstrar que a morte não é nada mais do que um fenômeno natural, de uma vida natural, mas não é o fim de tudo. Por isso ele ressuscitou seu amigo Lázaro e outros que já cheiravam mal dentro do túmulo. É claro que eles tornaram a morrer quando chegou a hora, porque temos que passar pela morte, para alcançar a verdadeira Vida.

    Talvez, você ainda tenha dúvidas de que há vida após a morte e isso é natural, porque muitas pessoas vivem a vida como se não existisse nada mais do que alguns anos para nós, e depois, um túmulo frio e escuro. Por isso, o próprio Jesus deixou-nos a maior prova da vida futura: Sua Ressurreição. Para provar que existe algo além do que vemos aqui, Ele morreu da pior forma que um ser humano podia morrer e ressuscitou ao terceiro dia. Tudo isso para mostrar que Ele é o Senhor também da morte.

    Na verdade a resposta correta é sempre a resposta de Deus, a de que você foi feito para viver eternamente e essa vida que você conhece é apenas um momento na eternidade de Deus. Então, se você sente saudades de alguém que já não está entre nós, lembre-se disso: tudo muda quando vemos a morte sob o olhar de Deus. 

Por tudo isso, não tente entender a vida como os homens a vêem, porque não achará nada de significativo. Só Deus dá significado à vida.

Luiz Carlos Camargo
Comunidade Nos Passos do Mestre

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Existe uma forma de se preparar para a morte?

Em algum momento podemos nos deparar com essa pergunta, por vários motivos que nos fazem refletir sobre a nossa própria existência. Mas afinal, há uma fórmula de vida ideal ou devo viver a minha vida esperando o meu destino? Nem uma, nem outra. Na verdade, a resposta não é tão importante quanto fazer-se a pergunta certa. 

Se você deseja uma resposta pronta sobre como se preparar para a morte não vai encontrar facilmente, porque essa resposta depende de quem vive e faz a pergunta. Isso porque vivemos realidades diferentes de vida em uma sociedade que tem como base o significado material das coisas. E, levando em consideração que a morte não é o fim da existência do homem, a verdadeira pergunta a se fazer é: estou me preparando para a vida eterna?

Esta sim é uma pergunta que vale uma boa resposta, ou pode-se dizer que vale uma vida. E ela tem mais sentido quando você liga a resposta à vida em Deus. É como alguém que se prepara para uma longa viagem, só de ida, para um país distante. E vai colocando na mala seus pertences. O viajante sabe que não vai conseguir levar sua vida inteira na mala, então coloca o mais importante: as lembranças do que viveu, aquilo que crê e quem ele é. 

Assim é a nossa preparação para a morte. Deus nos dá uma vida de oportunidades para fazer o bem e amar o próximo, sabendo que o dia da partida chegará. Não se sabe quando alguém vai bater à nossa porta e dizer: teu transporte chegou. Será que minha mala está pronta? Será que já coloquei nela tudo que desejaria levar na viagem? 

Tudo isto para dizer que preparar-se para a morte é viver como se hoje fosse o seu último dia. Porque se fosse, esse seria o dia mais bem vivido da sua vida. Como a maioria das pessoas não pensa assim, quando chegam na hora de sua morte sentem-se perdidas, às vezes com remorso, percebendo que poderiam ter agido de forma diferente e melhor com o seu semelhante.

Para que ninguém passe a vida sem a oportunidade de se preparar para a hora da morte, Jesus nos deixou seus ensinamentos e mostrou-nos como agir e viver segundo a vontade de Deus. Não há porque duvidar: todos tem o bilhete comprado para essa viagem, mas ninguém sabe o dia. O próprio Mestre disse claramente: “Atenção e vigiai, pois não sabeis quando será o momento”.

Preparar-se bem é, sobretudo, estar atento ao chamado de Deus para uma vida digna, uma vida de santidade. Porque Ele nos quer por inteiro no seu Reino de Amor. Não podemos nos apresentar na presença de Deus indignamente, por isso cada minuto desta vida é uma oportunidade de sermos melhores que o Senhor nos dá. 

Estejamos preparados para o dia em que ele vier nos chamar para a grande viagem.  

Luiz Carlos Camargo
Comunidade Nos Passos do Mestre

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Essa é a minha única chance?

Você que chegou aqui, talvez tanto quanto eu, tenha ouvido as seguintes frases: “na próxima vida eu gostaria”, “na próxima encarnação quem sabe”, “se na próxima encarnação eu” ou mesmo um “só se for na próxima vida”. Pra você que tem essa expectativa, lamento se te frustro, não é esse o meu objetivo, mas quero te dizer que EXISTE apenas UMA PRÓXIMA VIDA: A VIDA ETERNA. Ela será fruto do que fizemos desta carta premiada que ganhamos, deste nosso peregrinar terrestre que é único: NÃO EXISTIRÁ OUTRA CHANCE, OUTRA VIDA, OUTRA OPORTUNIDADE para nos redimirmos. Com essa informação, quero te fazer pensar, que em cada gesto e em cada ato nesta vida, você constrói aquilo que será a sua VIDA ETERNA. Se pra ti isto é uma novidade, te devo uma explicação e pretendo fazer isso, nas próximas linhas. 

Desde a concepção, tu foste pensado e amado por Deus: “Fostes vós que plasmastes as entranhas de meu corpo, vós me tecestes no seio da minha mãe.” Sl 138, 13. Quando foste formado, Ele já sabia que tu serias o João, a Maria, a Gabriela, o José, a Madalena, assim como me fez para ser a Deise Cristina. Nos fez com uma identidade própria, que é composta de corpo e alma, e conosco faz história. 

Na oração do Creio, rezamos: “creio na ressurreição da carne, na vida eterna”. Quando afirmamos isso, afirmamos que ressuscitaremos com a mesma identidade, na qual um dia fomos plasmados. Não desprezamos o nosso corpo, ele faz parte daquilo que somos, não é um anexo, ou uma roupa emprestada, que depois será descartado e substituída. Por isso, cada dia, cada oportunidade e cada momento são únicos para a nossa salvação. Não teremos uma outra vida para nos purificar. 

Diante desta afirmação, talvez venha a pergunta: mas um Deus tão misericordioso, não nos daria uma nova chance? E a resposta é: Ele já deu! Não apenas uma chance, mas a vida toda, para que redimidos dos nossos pecados, possamos experimentar A VIDA ETERNA. Acreditar que será através de inúmeras vidas e inúmeras tentativas neste mundo que alcançaremos a salvação, é desconsiderar a Deus, e que chegar a este ponto depende só de nós. Precisamos sim fazer a nossa parte, mas antes de tudo, a salvação é iniciativa e graça de Deus, que nos fez para permanecermos unidos a Ele.  Nosso Deus se fez homem, morreu e ressuscitou. E essa é a promessa que nos faz: vida, morte e ressurreição. 

Diante disto, que pra ti pode ser uma nova revelação, te convido a olhar para a tua história e pensar o quão amado és, e que grande oportunidade recebemos a cada dia para viver com esperança esse peregrinar para a Vida Eterna. A Ressurreição é sinal da Vitória da Vida sobre a Morte, é o encontro definitivo com o AMOR. Quando chegarmos lá, contemplaremos Deus face a face e não sentiremos falta de mais nada, porque estaremos preenchidos pela plenitude do amor. Aquilo que buscamos em toda a nossa caminhada nesta vida.

Deise Cristina Antunes Padilha
Comunidade Nos Passos do Mestre

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De que vale esta vida se todos vamos morrer?

Ao se deparar com a morte de alguém importante, você pode se perguntar: vale a pena viver? Ou ainda, vale a pena viver de maneira reta, seguindo os mandamentos? Não seria mais interessante fazer tudo o que nos dá vontade, ter novas experiências ou aventuras? Talvez você possa estar pensando: já que a única certeza de que temos é a morte, melhor não seria aproveitar a vida como bem me aprouver? No entanto, assim como temos a certeza da morte, também temos a certeza de que nossa vida é eterna! Nossa vida não termina na morte, ao contrário, é nesse momento que nascemos para a vida eterna, onde viveremos eternamente com o nosso Criador! E nesse sentido vale recordar o que nos ensina São Paulo “se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de lástima”. (1Cor 15, 19)

Somente o ser humano é capaz de atribuir sentido à sua própria existência. Podemos ser levados a colocar o sentido da nossa vida ou a nossa esperança nas conquistas terrenas, como ter um trabalho digno, adquirir bens importantes, conquistar a estima das pessoas, ser reconhecido pelos nossos talentos e habilidades. Tudo isso é lícito e é importante, mas não preenche o coração do homem, porque o coração do homem só será preenchido pelo seu Criador – o Pai que nos criou no amor e para o amor! Deus criou cada homem de maneira única e irrepetível, portanto, nossa vida também é única, porque é dom de Deus dado a cada um de nós! Viver apenas para essa vida, com o foco nos bens terrenos é viver de uma maneira muito limitada porque, em Jesus, temos a possibilidade do Céu, do maior bem que poderíamos receber. Jesus morreu para a nossa salvação, e na sua morte abriu-nos as portas do Céu! 

O Céu está disponível para todos, o Pai no seu amor e na sua infinita misericórdia já reservou um lugar para cada um de nós. No entanto, no Céu não há mau, porque o Céu é a presença da Trindade, a perfeita comunidade. O Céu é a presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O Céu é comunhão. Portanto, alcançam o Céu aqueles que buscam viver em Deus desde a sua vida terrena. Para os amigos de Deus, o Céu é a continuação do que viveram na terra – uma vida de busca das virtudes, de fidelidade a Deus, de amizade com Jesus, de discipulado diário, de conformação à vontade de Jesus. “Os que morrem na graça e na amizade de Deus e que estão totalmente purificados vivem para sempre em Cristo” (CIC 1023). Quiçá também nós possamos viver nossa vida com desejo de Céu! E isso é possível quando nos colocamos numa dinâmica de discipulado! Jesus é o Mestre que nos ensina a via do seguimento autêntico! Se colocar nos passos de Jesus é segurança para não fugir da vontade de Deus, sendo-Lhe fiel em tudo – sem romantismos, mas com fidelidade aos apelos que todos os dias o Mestre nos faz.

Tenha certeza de que vale muito a pena viver a vida com retidão, não por medo do inferno, mas por amor a Deus. Esta vida é a nossa oportunidade de desenvolver uma amizade com Deus – através da escuta da Palavra, dos acontecimentos e das pessoas que nos cercam; também crescemos na amizade com Deus na vivência dos sacramentos e da vida fraterna. Tantas são as formas de nos aproximarmos do Pai que nos ama, nos acolhe, nos chama à conversão. Não tenha medo de se aproximar do coração de Deus, pela via do seguimento de Jesus! Nossa vida aqui é um preparar-se para a vida eterna, para o encontro definitivo com Aquele que nos criou. Desejo que o teu olhar esteja sempre voltado para o Céu! O Céu é uma realidade, é para você também!

Com amor,

Josiane Azevedo, npm
Comunidade Nos Passos do Mestre 

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E se eu sofrer antes da morte?

Você já deve ter ouvido alguém falar coisas do tipo “eu queria morrer dormindo, sem dor”, ou ainda, “eu queria morrer de acidente, algo que me matasse na hora, sem sentir nada”. No fundo, ninguém quer sentir dor, não quer esse sofrimento que por si só a morte já desperta. Mas, e se você tiver que sofrer antes da morte?

Vamos por partes. Afinal, o que é o sofrimento? Fazendo uma busca sobre o significado dessa palavra, encontramos essa definição: “ação ou efeito de sofrer, de sentir dor física ou moral”. O sofrimento, nessa perspectiva, pode estar associado a dor que se sente por uma doença que está levando a morte, ou ainda, a dor mais profunda de não querer interromper essa vida terrestre, os planos que não foram concretizados, de não ver sentido para o fim dessa vida.

São João Paulo II, na carta apostólica Salvifici Dolores, apresenta o sentido cristão do sofrimento humano, o seu valor salvífico. Ele se usa das palavras de São Paulo na sua carta aos Colossensses: “completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu corpo, que é a Igreja” Col 1, 24, e nos leva a compreender que o sofrimento além de seu aspecto humano, também compreende uma dimensão sobrenatural. Se por um lado o sofrimento de estar morrendo, me leva a aceitar minha humanidade finita, minhas limitações, e até abrir meus olhos para o que realmente importa, por outro lado, me une mais intimamente com o mistério de salvação que pendeu da cruz.

E a morte, o que é? Segundo o documento Gaudium et Spes, fruto do Concílio Vaticano II “É diante da morte que o enigma da condição humana atinge o seu ponto mais alto” (GS 18). O Criador não nos fez para a morte, mas pelo pecado original ela se tornou uma realidade. Ao contar nossa vida pelo tempo cronológico, em que nascemos, crescemos, envelhecemos, parece até bem natural que o nosso fim seja a morte, mas ela é o fim da nossa vida terrestre, e foi totalmente transformada pela morte de Jesus, que nos abriu a possibilidade da vida eterna.

Assim nos diz São Paulo em sua carta aos Romanos: “Se morremos com Cristo, temos fé que também viveremos com ele” Rm 6,8. Também nós podemos crer que ao unirmos o nosso sofrimento ao dEle no fim da nossa vida terrestre, daremos o verdadeiro sentido para o sofrer na morte, a salvação, e colocando nossa esperança no que virá.

Gabriela Guzzo
Comunidade Nos Passos do Mestre

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Você está preparado para morrer?

Dito assim, no seco, assusta, não é mesmo? Até parece uma ameaça. Talvez teu primeiro pensamento tenha sido que estou te rogando uma praga. Mas não. Pensar sobre a morte é importante, principalmente sobre a nossa própria. Algumas ordens monásticas cumprimentavam-se com a expressão latina memento mori, traduzida como “lembra-te que vais morrer”. A experiência que temos com a morte ao longo da vida é sempre com a do outro, não com a nossa. Mas podemos nos preparar. Pois, se tu ainda não tinhas pensado nisso, eis um fato incontestável: tu vais morrer. Calma! Não digo que seja agora, mas em algum momento o fim chegará e é bom que estejamos prontos. Não tenhas medo de pensar sobre isso. Essa reflexão fará bem para ti, para mim e para aqueles que amamos e ficarão aqui.

Quando a pessoa já sabe que vai morrer – e aqui serei bem genérico mesmo, pois cada vida é única e as pessoas reagem de formas diversas – seja por doença, velhice ou qualquer outra forma como a morte se apresente, ela geralmente segue um desses caminhos: quer bem aproveitar o tempo que lhe resta, ou se desespera e cai em uma profunda tristeza (sim, eu avisei que seria bastante genérico). A morte é dar-se conta da nossa finitude. Alguns indivíduos perdem a esperança e sofrem além do necessário, tornando seus últimos dias pesados e tormentosos para si mesmos e para aqueles que querem poder ajudá-los. Outros ressignificam suas vidas até o momento atual e buscam um novo sentido, querem se reconectar consigo e com os próximos a si; é momento propício para o perdão, para aliviar a consciência e preparar a alma para o encontro definitivo; é para aqueles que sabem que a morte não é inimiga e a acolhem como boa irmã, como a chamava São Francisco de Assis.

Mas e quando a morte é inesperada? Quando não há tempo para receber a unção dos enfermos, ou para um último desejo? Antes de tentar responder estas questões, é válido lembrar que estou falando contigo crendo que a morte não é de fato o fim, mas o início. Caminhamos nesta terra preparando-nos para a morada eterna. E, por isso, é bom lembrar as palavras de Jesus: “estejais vigilantes, pois não sabeis o dia e nem a hora”. Se nos esquecermos de que um dia a morte virá, sempre deixaremos as coisas para amanhã. E justamente por não termos esse conhecimento do dia e da hora, estamos aqui buscando a via para bem aceitarmos a morte, confiantes de que quando ela vier será conforme a vontade de Deus e estaremos preparados para encontrá-la. Levar uma vida reta, virtuosa e sincera, procurar estar com a confissão em dia, reconciliar-se perdoando e pedindo perdão, ser ordenado com as responsabilidades financeiras, deixar acordado com alguém como proceder post mortem (velório, enterro, testamento); tudo isso trará maior paz na hora da morte.

Talvez agora estejas pensando: “se eu me preparar bem, enfrentarei a morte sem medo”. O medo é humano. Às vezes, é justo o medo da morte que nos move para a mudança. Outras vezes, não tememos a morte, mas tememos o sofrimento que a precede. É bem verdade que talvez o sofrimento também esteja presente na hora da morte, mas te convido a encará-lo também como uma preparação: a purificação que dá sentido para, oxalá, chegarmos à vida nova junto aos santos. Coragem e esperança! Que o medo não te paralise, mas sim, te impulsione para que confies na misericórdia do Senhor, ansiando pela Vida Eterna. Repito: coragem e esperança! Pois, parafraseando Ana Cláudia Quintana Arantes, a morte é um dia que vale a pena viver!

Guilherme Teixeira
Comunidade Nos Passos do Mestre

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O que você quer na sua morte?

De fato sabemos que vamos morrer, só não sabemos quando, nem como. A morte é o caminho de encontro com nosso Senhor, mas é um encontro (a nossa vontade diz) que pode ser adiado! Não gostamos de falar e nem pensar que isso vai nos acontecer. Mas hoje quero te dizer que essa não é a melhor escolha para si mesmo!

E não é mesmo. Negar que esse dia fará parte da nossa vida e fugir da morte não soluciona o medo que talvez eu e você sintamos, nem impede que isso aconteça conosco. Acredite: pensar no que queremos que aconteça (em relação à nossa morte) nos faz aceitar que um dia também nós vamos morrer.

Se você nunca pensou nisso e não tem ideia do que gostaria que acontecesse na sua morte, talvez seja mais fácil começar pensando no que não quer que aconteça. Por exemplo: as pessoas geralmente não desejam sofrimento, nem que fiquem más lembranças suas ou pendências (coisas inacabadas ou situações mal resolvidas), entre outros…

Quem já viveu uma perda faria o possível pra voltar no tempo, seja para fazer algo que deixou para trás, com essa pessoa; pode ser um abraço, um pedido de desculpas, um “eu te amo”, um último passeio… Quando está enraizada em nós a crença de que podemos sempre fugir da nossa morte, momentos únicos podem passar despercebidos, e paramos pra pensar no que podíamos ter feito ou sido para aquela pessoa somente depois, quando algumas coisas já não são possíveis. Então, por que não pensar em tudo isso antes, para que o morrer seja mais leve? 

Sugiro que você pense em duas coisas: primeiro no processo de morrer. O que lhe faria se sentir mais confortável? Alguém conhece seus gostos? Quem você gostaria que lhe acompanhasse? O que é fundamental, que você não pode deixar para outro? O que é preciso organizar? Como estar preparado espiritualmente? Depois, na sua morte, sua ausência. Que tal escolher uma foto para colocar na sua lápide, que as pessoas que forem àquele lugar lembrem de você com saudade e carinho? Pensar no que gostaríamos nos ajuda, além de aceitar que vamos morrer, a nos sentir menos desconfortáveis; e ajuda também aos nossos que ficam, sobre como lidar com esse momento que será de grande dor para eles. 

Pense nisso. E não pense com temor, não. Pergunte a si mesmo: “Na minha morte, o que eu quero?”, e continue com “Por esse motivo, na minha vida eu quero…”, e então você entenderá que a morte nos leva à vida: à vida que temos, no que construímos aqui até nosso último dia, na maneira que construímos, com esperança; e à vida eterna, plena, onde não haverá mais preocupações.

Rafaele Pedruzzi Danieli
Comunidade Nos Passos do Mestre