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É normal o que eu estou sentindo?

Não há como lidar com a perda definitiva de uma pessoa querida ou outras perdas de pessoas ou objetos muito caros para nós sem ser impactado emocionalmente. Há alguns dias li a metáfora de que receber a notícia da morte de alguém querido é como se girássemos em torno de nós mesmos de cabeça baixa e depois tentássemos caminhar em linha reta! A impressão que temos é que o nosso interior está todo mexido e bagunçado, e, ao tentarmos caminhar, é como se tivéssemos perdido a direção certa.
Podemos usar essa metáfora para compreendermos um pouquinho sobre o luto.

Este é um processo doloroso, onde se misturam muitos sentimentos. Talvez o sentimento mais aceitável no processo do luto seja a tristeza. No entanto, a todo momento queremos impedir que a tristeza se manifeste na nossa vida. É aceitável, mas a bem da verdade é que nem a tristeza nós aceitamos. Se estamos acompanhando uma pessoa querida num período de doença, queremos nos manter alegres, motivados, esperançosos e até inabaláveis para sermos fortes diante do outro que sofre. No entanto manifestar a tristeza para alguém também é sinal de amor. Certamente a alegria, a motivação e esperança que brotam de um momento de dor e tristeza ganham muito mais força quando nos deixamos interpelar pelos nossos sentimentos. Eles não definem nossos atos, mas integram nossa dor.


E se não conseguimos manifestar nossos sentimentos diante de alguém que está perdendo sua saúde, que dirá quando nos deparamos com uma perda definitiva. O processo do luto envolve vários sentimentos e emoções. O sentimento de tristeza é apenas um deles, mas há tantos outros – raiva, medo, frustração, abandono… E estes sentimentos estão envolvidos em todo um processo de perda de um vínculo afetivo. A morte de alguém envolve a tristeza pela falta, a frustração pelos planos não realizados, o medo de seguir a vida, medo de iniciar algo novo, a solidão por sentir-se sozinho, raiva porque todos estão seguindo a sua vida… E você deve ter se lembrado de tantas outras situações em que se sentiu dominado pelos sentimentos.


Saiba que é normal passar por todos esses sentimentos, assim como vê-los se misturarem ao longo dos dias também é completamente compreensível para alguém que passou por um rompimento afetivo impactante. Nesse sentido, é importante se escutar, se reconhecer, perceber o que está sentindo para não ser refém dos seus sentimentos. Assim você não viverá mergulhada na tristeza, por exemplo, mas perceberá que em alguns momentos você fica triste, não viverá com medo, mas perceberá que algumas situações geram medo e insegurança. Dê voz aos seus sentimentos, reconheça-os e permita que eles sejam integrados no seu interior. Se for necessário, busque ajuda, a Casa de Escuta está aqui para escutá-lo e ajudá-lo neste processo de adaptação a um momento novo em sua vida.

Josiane Azevedo
Comunidade Nos Passos do Mestre

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